18 de abril de 2009

Inalando pólvora

Inalo com força e parece que o que me entra nos pulmões não é ar, mas sim pólvora, pois acorda todas as partículas do meu corpo numa explosão intensa e cheia de sentimentos negativos há muito recalcados. As minhas cordas vocais tremem num grito que não consigo reprimir e a voz sai trémula e austera, nem parecendo minha... Fechando-me num mar de angústia e escuridão, liberto as minhas emoções negativas e energias carregadas de um misto de sensações tenazes e confusas, que nem eu sei de onde surgiram e porquê. A dor trespassa-me o coração e aperta-me o corpo até mal respirar e ceder, caindo de joelhos no chão da desgraça e tremendo tanto que a consciência me foge, perdendo o controlo de tudo o que está à minha volta e dentro de mim. Só sinto um dilema crescente dentro do meu peito, algo a partir-me ao meio, rasgando-me o corpo desde a cabeça até aos pés, sufocando numa agonia imensa e inexplicável, chorando e arranhando-me toda, até sentir mais dor no exterior do que no interior, até tudo ir acalmando devagar...bem devagar. A minha alma nunca tem paz totalmente, sendo sempre perseguida por acções e pessoas que quero esquecer e acontecimentos que quero apagar da minha mente. Mas porque é que não consigo?! Não terei força suficiente? Sinto-me uma perfeita aberração nestes momentos, sentindo o mal que está dentro de mim sempre, a ser libertado e minar cada parte de mim, atacando especialmente o meu coração e pulmões, fazendo a energia correr dentro de mim velozmente, sentindo o poder que tenho debaixo da minha pele e a falar manhosamente na minha mente, aliciando-me a cometer loucuras, a ceder aquilo de que quero fugir. Por vezes canso-me de fazer as coisas certas, preferia não ter sentimentos e ser um corpo sem emoções, sem remorsos ou obrigações, fazer só o que me dá na telha e tenho vontade, no momento em que assim o decido. Mas a vida não é assim e eu tenho noção que tal não é o correcto e que me ia cansar de só fazer maluqueiras. Por mais que sinta que perco o controlo de algumas coisas, tenho de resistir e agarrar-me às coisas boas que tenho e resistir às más. Não posso simplesmente ficar a contorcer-me e deixar que me levem sem oferecer resistência. (16/02/2009)

Já se sentiram assim, como se o chão tivesse a abrir-se debaixo dos nossos pés e fossemos cair num abismo?

Equilíbrio, é isso que nos salva se soubermos tê-lo na nossa vida e soubermos resistir ao que nos tenta.

1 comentário:

Bárbara disse...

=) para variar tocou!
Nem preciso responder à pergunta...
Quanto à reflexão, tens toda a razão, mas é dificil para o ser humano encontrar esse equilibrio!Muitas vezes acho mesmo que foge dele e que não o quer encontrar...Quando o encontramos, confundimo-lo com monotonia!