A relva estava com uma cor diferente e apelativa naquele fim de tarde, pois o Sol avermelhado conferia-lhe uns tons fora do comum. O vento abanava-a e fazia com que ela tivesse vontade de correr, explorar a planície que estava defronte dela e ser livre. Rodopiando nos seus calcanhares, começou a girar, girar, girar...
Ela rodopiava sem sair do mesmo sítio, os seus pés não a levavam onde queria, pois não tinha ainda chegado o momento. Insistia e rodopiava uma e outra vez, era persistente. Mas não adiantava, pois acabava por cair na relva já tonta e, mesmo assim, exactamente no mesmo sítio de onde tinha começado.
Era teimosa, lutava assertivamente para obter os seus objectivos, mas ainda não tinha percebido que não adiantava querer explorar um sítio desconhecido, se ainda não conhecia bem o da partida. Só as sucessivas quedas e as dores de cabeça por tanto rodopiar, a fizeram ver que em primeiro lugar deve-se ter a certeza de onde se parte e, em segundo, deve-se arriscar e dar o próximo passo, sem medo de cair novamente e explorando tudo ao máximo.
Lágrimas de alegria corriam-lhe pela cara abaixo, era a felicidade a exteriorizar-se duma forma bela e nova para ela, que agora se encontrava no sítio onde tanto desejara estar. Olhou para cima e sorriu, iluminada pela Lua e pela extensa planície por trás dela. O vento sussurrava-lhe “Vai, és livre. Sê corajosa!”.
Ela seguiu, com passos firmes e nada vacilantes, pela estrada da vida e sem olhar para trás, para a planície da sua infância e a relva refrescante que tantas vezes pisou descalça e sem medo.
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