29 de abril de 2009

Adventure it's a mind game

A relva estava com uma cor diferente e apelativa naquele fim de tarde, pois o Sol avermelhado conferia-lhe uns tons fora do comum. O vento abanava-a e fazia com que ela tivesse vontade de correr, explorar a planície que estava defronte dela e ser livre. Rodopiando nos seus calcanhares, começou a girar, girar, girar...
Ela rodopiava sem sair do mesmo sítio, os seus pés não a levavam onde queria, pois não tinha ainda chegado o momento. Insistia e rodopiava uma e outra vez, era persistente. Mas não adiantava, pois acabava por cair na relva já tonta e, mesmo assim, exactamente no mesmo sítio de onde tinha começado. Era teimosa, lutava assertivamente para obter os seus objectivos, mas ainda não tinha percebido que não adiantava querer explorar um sítio desconhecido, se ainda não conhecia bem o da partida. Só as sucessivas quedas e as dores de cabeça por tanto rodopiar, a fizeram ver que em primeiro lugar deve-se ter a certeza de onde se parte e, em segundo, deve-se arriscar e dar o próximo passo, sem medo de cair novamente e explorando tudo ao máximo.
Lágrimas de alegria corriam-lhe pela cara abaixo, era a felicidade a exteriorizar-se duma forma bela e nova para ela, que agora se encontrava no sítio onde tanto desejara estar. Olhou para cima e sorriu, iluminada pela Lua e pela extensa planície por trás dela. O vento sussurrava-lhe “Vai, és livre. Sê corajosa!”.
Ela seguiu, com passos firmes e nada vacilantes, pela estrada da vida e sem olhar para trás, para a planície da sua infância e a relva refrescante que tantas vezes pisou descalça e sem medo.

26 de abril de 2009

Fotografia

Ao fotógrafo - Isabel Ruth
Fixo o olhar
na hipnótica objectiva
a câmara vai captando
em frenéticos disparos
ápices do tempo
a película fina, sensível
expõe-se à luz
grava a visão
e num processo químico
de contrastes
passando pela escuridão
surge no papel a imagem
exacta, completa
quase perfeita
do que já foi
só lhe falta
vida!

Gostei do poema. A Fotografia é uma arte que gosto bastante e sei bem como é a sensação que a autora descreve, como é difícil enfrentar a câmara e surpreendente como por vezes se capta tão bem um momento que, quando a foto é impressa, parece que ainda existe ali, mesmo à nossa frente.

24 de abril de 2009

Fragile Strength

You hold me without touch
You keep me without chains
I never wanted anything so much
Than to drown in your love and not feel your reign

You loved me 'cause I'm fragile
When I thought that I was strong
But you touch me for a little while
And all my fragile strength is gone

Música: Gravity da Sara Beirelles, que simplesmente amo!
Tantas emoções e pensamentos que tive a ouvi-la...
Imagem: Luis Royo, absolutamente linda!

(Rafael e/ou Letícia! Ai enfim... <3)

21 de abril de 2009

África Acima de Gonçalo Cadilhe

"Eu mesmo não me sinto como nada que jamais tenha sido ou sentido, no momento de partir para o meu regresso. Talvez tenha uma dívida para pagar a África.
(...)
Os países são feitos de pessoas, e eu acredito que a maioria das pessoas é feita bem. É feita de valores universais, que permitem a qualquer viajante sentir-se em casa quando se sente rodeado desses valores. O sorriso, a solidariedade, o bom-senso, a alegria, a música e a amizade valem mais que a corrupção, a desonestidade, o ódio, os preconceitos raciais, os esterótipos sociais. Viajarei com o primeiro grupo de valores na bagagem, para trocá-los por outros iguais ao longo da viagem."
Grande livro mesmo, estou a adorar. Pelo espírito aventureiro, as lições que se tiram deste livro e pelas descrições do autor.

Cheerios! xD

"Mim like beaucoup de Chérios
Because chérios are redondos e tende buraco
Very much good!"
Inspirado na versao de Cheerios do meu pai - chérios - (que dom para as linguas que ele tem omg LOL ainda bem que não sai a ele pah) e no facto de me pedirem para cantar uma lullaby. Como não sei nenhuma, inventa-se com o que se pode =P
O meu dia já começou bem, a emborcar a tigela de cheerios por cima de mim e de parte do portátil, porque não acabar em grande com um post dedicado a estes cereais maravilhosos, visto serem os meus preferidos?

19 de abril de 2009

Amor

Fotografia de Yann-Arthus Bertrand

"O amor de novo me perturba e paralisa. Ao mesmo tempo doce e amargo, é uma serpente invencível." Safo

http://www.youtube.com/watch?v=XMFA3HfITx4

18 de abril de 2009

Inalando pólvora

Inalo com força e parece que o que me entra nos pulmões não é ar, mas sim pólvora, pois acorda todas as partículas do meu corpo numa explosão intensa e cheia de sentimentos negativos há muito recalcados. As minhas cordas vocais tremem num grito que não consigo reprimir e a voz sai trémula e austera, nem parecendo minha... Fechando-me num mar de angústia e escuridão, liberto as minhas emoções negativas e energias carregadas de um misto de sensações tenazes e confusas, que nem eu sei de onde surgiram e porquê. A dor trespassa-me o coração e aperta-me o corpo até mal respirar e ceder, caindo de joelhos no chão da desgraça e tremendo tanto que a consciência me foge, perdendo o controlo de tudo o que está à minha volta e dentro de mim. Só sinto um dilema crescente dentro do meu peito, algo a partir-me ao meio, rasgando-me o corpo desde a cabeça até aos pés, sufocando numa agonia imensa e inexplicável, chorando e arranhando-me toda, até sentir mais dor no exterior do que no interior, até tudo ir acalmando devagar...bem devagar. A minha alma nunca tem paz totalmente, sendo sempre perseguida por acções e pessoas que quero esquecer e acontecimentos que quero apagar da minha mente. Mas porque é que não consigo?! Não terei força suficiente? Sinto-me uma perfeita aberração nestes momentos, sentindo o mal que está dentro de mim sempre, a ser libertado e minar cada parte de mim, atacando especialmente o meu coração e pulmões, fazendo a energia correr dentro de mim velozmente, sentindo o poder que tenho debaixo da minha pele e a falar manhosamente na minha mente, aliciando-me a cometer loucuras, a ceder aquilo de que quero fugir. Por vezes canso-me de fazer as coisas certas, preferia não ter sentimentos e ser um corpo sem emoções, sem remorsos ou obrigações, fazer só o que me dá na telha e tenho vontade, no momento em que assim o decido. Mas a vida não é assim e eu tenho noção que tal não é o correcto e que me ia cansar de só fazer maluqueiras. Por mais que sinta que perco o controlo de algumas coisas, tenho de resistir e agarrar-me às coisas boas que tenho e resistir às más. Não posso simplesmente ficar a contorcer-me e deixar que me levem sem oferecer resistência. (16/02/2009)

Já se sentiram assim, como se o chão tivesse a abrir-se debaixo dos nossos pés e fossemos cair num abismo?

Equilíbrio, é isso que nos salva se soubermos tê-lo na nossa vida e soubermos resistir ao que nos tenta.

17 de abril de 2009

Saudade

Bebendo saudade, vou cravando cada gota em mim, bem fundo, calando as memórias que sei serem impossíveis de voltar. Se a vida fosse como uma taça, sorvia gota a gota o conteúdo da mesma, vertendo as coisas más e bebendo apenas as boas, mas infelizmente não pode ser assim. Temos de beber as coisas boas e más, calar as saudades e angústias, devorar as coisas boas e que nos dão paz, pois só assim sentimos que vivemos a efemeridade que é a vida. Há vezes em que engolimos só de um trago uma coisa, depois arrependemo-nos, pois deviamos ter ido com calma e bebido aos poucos, para durar mais, mas não, somos sedentos e vivemos logo tudo ao extremo e depois o que fica? Um vazio, um sentimento de culpa e de egoísmo, quando olhamos para nós próprios e pensamos “Devia ter ido com mais calma e vivido cada momento devagar, aproveitando cada dia de forma pacífica e não da forma mais apressada possível”. Há vezes em que se demora uma eternidade a engolir, tanto tempo que o conteúdo da taça perde a força e o sentido de existir e aí pensamos “Devia ter sido mais rápido e tomado mais atenção ao que me era oferecido, em vez de me ter acomodado e pensado que tinha tempo para beber tudo devagar”. Depois arrependemo-nos quando já é tarde demais e vemos que não podemos voltar atrás, bebendo da forma correcta aquilo que nos tinha sido proporcionado. Um mar de lágrimas também se bebe, com o seu gosto salgado e particular, difícil de definir, mas que nos sabe bem pois é nosso e, mal ou bem, parece que nos lava a alma nalgumas ocasiões. E ainda bem que assim é, pois renova as células que há em nós, clarifica a nossa visão das coisas e dá-nos uma força que julgavamos ter perdido por entre os escombros, após tudo ruir à nossa volta e ficarmos só nós, ali sozinhos a observar tudo e sem poder fazer nada. A chave está em nos levantarmos, erguermos a cabeça e afastarmos os destroços que estão por cima de nós, irmos à luta e não desistir por nada, por mais complicado que seja aguentarmos em pé e termos a sensação que o mundo está todo contra nós.