Mergulhara o mais fundo possível no lago e agora nas profundezas, nua e sem nenhum objecto que lhe pudesse fornecer oxigénio, desfrutava do sabor agradável da água gélida, do escuro reconfortante e da companhia dos animais e plantas marinhas à sua volta. Sentia-se alienada de tudo, vendo apenas uma luz intensa por cima de si e o escuro que parecia infinito por baixo.
Ali ela era livre e a inércia instalava-se dentro da mesma, quando esta tentava aguentar o máximo de tempo concebível sem respirar, como se a ausência de ar nos pulmões e, consequentemente, no cerébro, a fizessem explodir por dentro, libertando toda a tensão acumulada nos seus membros atrofiados pelo stress.
Quando já não aguentava mais debaixo de água, impeliu o seu corpo para cima com um impulso magnífico, que parecia que aquele era o seu meio natural desde sempre.
Ao chegar à superfície inalou com força o ar puro, que foi injectado nos seus pulmões em esforço devido a ter estado restringido à passagem de ar. A luz cegou-a por instantes, fazendo-a ver com o coração e a mente a realidade exterior, sentindo de outra forma tudo o que até então conhecera.
Continuava livre por dentro, despida de preconceitos e das correntes que a aprisionavam na vida, e livre por fora, despida de todos os objectos que a prendiam às coisas materiais.
1 comentário:
Retirei imenso deste texto. Não vou ousar colocar aqui a minha interpretação, que será talvez bem diferente do intuito original do texto...mas gostei muito!
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