27 de julho de 2009

Catarsis

Quando te arrancam partes da pele à dentada e te roubam também bocados da alma, levando quase tudo aquilo que ainda era puro e estava intacto... Nem olham para a tua alma, não te vêem, não te reconhecem, apenas querem o teu corpo e não vêem o mal que há nisso, somente te querem fisicamente, corrompendo as partes boas da tua alma, aquelas que podiam ser aproveitadas para algo bom e grande, mas que assim ficam perdidas na calçada da vida e talvez nunca mais sejam possíveis de ser recuperadas...

E tu queres lutar, fugir, vencer... Mas deixaste ir levada pela luxúria e o prazer momentâneo, acordando passado horas, perdida de ti e sem pontos de ligação que te prendam à vida que sonhaste, tranquila e feliz. Sentes-te um bocado de carne, sem alma e sem rumo. E permites que te arranhem, te firam mais uma vez, te deitem mais abaixo as barreiras protectoras da tua pele, já vermelha dos arranhões e das dentadas. E mergulhas na dor e parece que ficas insensível ao toque, seja este ligeiro ou intenso.

E vês o outro lado, aquele onde és capaz de encontrar paz e conforto. Mas parece-te tão longe que nem sequer tentas lá chegar, pois parece-te inalcansável e não queres lá ir também por medo e por saberes que algo tão puro te trará dor e sentimentos que fizeste o máximo de esforço por enterrar e apagar das tuas memórias. Sentes-te incapacitada para lutar, como se fosse impossível atingir o zenith da tua mente e corpo, como se te contentasses com uma felicidade banal e socialmente aceite, só porque sim, esquecendo o nirvana com que sonhaste.

E tudo devido à tua fraqueza humana, mais uma entre milhões...

26 de julho de 2009

Mergulhar

Mergulhara o mais fundo possível no lago e agora nas profundezas, nua e sem nenhum objecto que lhe pudesse fornecer oxigénio, desfrutava do sabor agradável da água gélida, do escuro reconfortante e da companhia dos animais e plantas marinhas à sua volta. Sentia-se alienada de tudo, vendo apenas uma luz intensa por cima de si e o escuro que parecia infinito por baixo.

Ali ela era livre e a inércia instalava-se dentro da mesma, quando esta tentava aguentar o máximo de tempo concebível sem respirar, como se a ausência de ar nos pulmões e, consequentemente, no cerébro, a fizessem explodir por dentro, libertando toda a tensão acumulada nos seus membros atrofiados pelo stress.

Quando já não aguentava mais debaixo de água, impeliu o seu corpo para cima com um impulso magnífico, que parecia que aquele era o seu meio natural desde sempre.

Ao chegar à superfície inalou com força o ar puro, que foi injectado nos seus pulmões em esforço devido a ter estado restringido à passagem de ar. A luz cegou-a por instantes, fazendo-a ver com o coração e a mente a realidade exterior, sentindo de outra forma tudo o que até então conhecera.

Continuava livre por dentro, despida de preconceitos e das correntes que a aprisionavam na vida, e livre por fora, despida de todos os objectos que a prendiam às coisas materiais.

23 de julho de 2009

Alright

Fintava a noite com passos largos, imune ao frio e ao vento, como se nada lhe pudesse tocar. A verdade é que ela não sentia nada físico, só a música que lhe entrava pela mente dentro. Com phones postos, parecia surda face ao exterior, às vozes que teimavam em falar com ela sem perceberem que ela não queria ouvir. Ignorava e continuava a andar cada vez mais rápido, com os cabelos esvoaçantes e olhos fixos no horizonte, sorrindo de forma alucinante, desafiando o destino.

A sua mente estava longe e do nada o objecto tecnológico vibrou no seu bolso e tinha uma mensagem que dizia “Onde estás?”, ao que ela respondeu “Longe, bem longe...”. A pessoa que enviou a mensagem respondeu “Leva-me contigo!”.

Mudou a rota, voltando para trás e apenas respondendo “Vou-te buscar e vamos fugir do mundo por momentos. Quanto mais longe melhor...”.

(...)

De mãos dadas, encaravam a noite fria em silêncio, apenas sentindo calor e aconchego devido à união das suas mãos. Ambas ausentes do mundo, mas presentes nas suas mentes invadidas de liberdade, pensamentos e música.

A calma de um jardim e o contacto dos seus corpos com a relva molhada fez parar o silêncio e fechou o momento com um abraço longo e apertado, libertando-as de si mesmas e fazendo-as sentir algo físico, que até então não conseguiam, pois havia toques que magoavam quando incidiam na pele directamente.

A dor cessou em parte e foram inundadas por uma paz e sensação de alívio, pelo menos naquele lugar e tempo, onde o mundo parara e elas eram livres e reais.

22 de julho de 2009

Skate Park Party!

Bem, o dia e a noite de ontem foi uma mistura de emoções como muitas vezes acontece, em dias muito intensos e que acabam por ser sempre importantes na minha vida. Hoje estou diferente, sinto-me diferente e isto deve-se ao dia de ontem.
De tarde fui comprar a minha corrente das algemas *.* A Mia acompanhou-me e foram umas horas calmas, porque estava meia apática, "Nem parece que é a tua festa de anos hoje à noite" disse-me ela e com razão, porque estava cansada, com dor de cabeça e sem disposição para uma festa realmente...
A disposição mudou após uma conversa necessária e após estar com pessoas de quem tinha saudades, de ver que tenho muita gente importante na minha vida e dispostas a andar imenso até chegar a um parque de skates (tudo carregado com compras e uma pessoa em particular com uma mala bem pesada...).
Foram horas bem passadas, a ouvir música e a falar, rir e chorar (porque havia quem tivesse de libertar algumas emoções a extravazar...). O importante foi que toda a gente se divertiu e ainda bem. Eu só dancei duas músicas e ambas com a Mia (porque mais ninguém queria dançar!), mas foi bom. A dor de cabeça lá acabou por passar após ter descansado um pouco, aninhada a alguém *.*
Consegui dar atenção a toda a gente e falar com todos, o que no meio de 11 pessoas é difícil :O
Quero agradecer a todos os que foram e dizer que muita coisa mudou na minha vida, pois estou num período de transição e tenho que tomar decisões radicais.

E foi mais um dia 21, mais uma noite entre amigos (embora alguns não tenham ido e tenham feito falta), mais um dia e noite intensos que mudaram a minha forma de ver a minha vida e a dos outros, aprendendo com isso.

P.S. Ai e sinto falta de escrever, já não o faço há uns dias, mas tenho tanta coisa em mente, tantas ideias, quem nem sei por onde começar... =P Mas prometo que depois posto coisas bonitas para todos vocês lerem.

17 de julho de 2009

Liberdade

Enquadrava a cena e observava-a como se fosse uma mera espectadora, como se não fizesse parte do contexto, não fosse parte integrante da acção que decorria à sua volta. Diante dos seus olhos corpos falavam sem expressão facial definida, como se fossem marionetas sem fios, mas não manipuladas por alguém, mas sim pela própria sociedade, uma manipuladora implacável. Implacável e mais abrangente, pois no fundo todos pertencemos à sociedade, sendo actores por um lado e manipuladores por outro.

Todos vivemos em busca de uma imagem definida, um papel onde encaixar e sentirmo-nos bem com ele. Mas há gente anacrónica, que não se insere em tempo ou lugar algum, e há gente que se julga dona e senhora de tudo e todos...
Os papéis na sociedade são dificéis de atribuir. É difícil atingir e manter um status que se insira em todos os campos da vida actual, o que me leva a crer que há pessoas que vivem condicionadas, ou seja, a liberdade não chega a elas, porque ficam presas à imagem e à reputação a manter, só lhes restando nalgumas situações o fato e a gravata que enverguam.
Ser livre por vezes pode ser uma utopia se pensarmos em termos de inserção social, pois há sempre regras e responsabilidades, há sempre algo que nos prende ou nos chama para a realidade, nem que seja no contexto familiar. Por exemplo, o facto de termos de comparecer nas festividades e aniversários, porque senão julgam-nos e depois excluem-nos nas próximas vezes se for preciso. Claro que falo em termos geográficos, pois se uma pessoa for emigrante já tem desculpa para não comparecer, mas lá está, há uma para isso e o dever de responsabilidade noutro país.
Para mim, a liberdade é um estado de espírito, uma forma de vida, pois o nosso mundo e paz interior ninguém manipula, a não ser que deixemos tal acontecer. Se temos a capacidade de sonhar e pensar por nós próprios, então conseguimos ter momentos de evasão e privacidade. É aí que reside a nossa liberdade, na nossa capacidade de pensar, sentir, expressar as coisas à nossa vontade, mesmo que seja apenas para nós mesmos. Essa liberdade ninguém nos tira pelo menos. Já uma pessoa exteriorizar a sua liberdade é diferente, pois pode ser castrada pela sociedade ou mesmo por si mesmo, se não se sentir livre o suficiente para expressar e viver da forma como quer, quando sente a pressão da sociedade a recair sobre si, sentindo-se vigiado e/ou julgado...
Isto tudo remete à pergunta: “Então mas para quê ser livre se não podemos exteriorizar nada?”. Realmente tem lógica esta questão, pois pode dar a ideia de uma liberdade solitária ou condicionada, com imposição de limites e regras, mas foi por isso que disse que era um estado de espírito, como se o corpo se separasse da alma, deixando o nosso âmago vaguear livremente, dando-nos depois paz e satisfação, alienando-nos em parte do mundo e da sociedade onde vivemos.
Mas mais vale ter essa liberdade solitária e sentirmo-nos inteiros e livres de alguma maneira, do que nos sentirmos parcialmente ou totalmente presos e sem liberdade nenhuma.

Bebeu o copo de vinho que se encontrava à sua frente, tirou os auscultadores dos ouvidos e ouviu finalmente o que as pessoas sem liberdade social diziam, registando na sua mente aquilo que concordava e discordava, para mais tarde ter um monólogo, dissertando sobre aquele momento específico. Os seus momentos de evasão, enquanto tinha os auscultadores nos ouvidos e não ouvia o que as pessoas diziam, eram vitais para a sua sanidade mental e para ter a tal liberdade solitária, pois era aí que se sentia completa e bem, sem ter de representar qualquer papel.

"A pessoa que não tem ilusões, não tem desilusões."

16 de julho de 2009

Emotive

Adorei o documentário e acredita que me disse imenso, por vários motivos que tu sabes e mais ninguém precisa de saber. Escolheste esta música como "banda sonora" e eu resolvi postá-la, porque adoro-a e tenho o album "Emotive". Lembro-me de o ter comprado há uns anos e sou viciada em todas as músicas mesmo, e como hoje o meu estado está meio emocional, resolvi postá-la e dar o título de emotive.

Obrigada pela tua paciência e por entenderes sempre tudo, a sério! Ando stressada por causa dos exames e por causa das noites mal dormidas, mas tu tens sempre calma e entendes tudo, é incrível.

Olha e sabes que mais? Adoro quando me ligas só porque queres ouvir a minha voz a altas horas da madrugada e depois temos conversas com todo o sentido quando uma de nós adormece por segundos e depois acontecem coisas do estilo:

K - "Ah e tal, vamos ao planetário..." (descrição da sessão que vamos ver)

*silêncio durante uns segundos*

K - "Ouviste o que eu disse?"

S - "Sim, tavas a falar de converter um tipo de ficheiro para outro..."

*Rir até não dar mais de ambas as partes e despedirmo-nos para irmos dormir*

Um adoro-te público, pois mereces e já chega de postar textos ligados a ti e pôr tudo em código, que há coisas que devem ficar registadas não só nas nossas mentes e telemóveis, mas também neste meu "espaço" que é o blogue. E não vou escrever o teu nome aqui, porque quem me conhece sabe de quem falo.

O dia de hoje foi mais ou menos isto:

*abraço e sorrisos*

*união corporal*

*contemplação*

*paciência*

*apatia*

*abraço intenso*

(...)

*lágrimas e nó na garganta*

(...)

*surpresa*

*abraço de grupo*

*abraços individuais*

*brownies & vanilla milkshake*

*palavras lindas*

*compreensão e mais lágrimas*

Fogo já tinha imensas saudades de todos vocês! Adorei a surpresa, fiquei mesmo sem palavras... Desculpem andar desaparecida e obrigada pela vossa compreensão e por gostarem de mim como sou. Prometo que vou dedicar-vos um dia, até porque tenho de me despedir de duas pessoas não é, suas emigrantes do caraças?! xD

Tiago - És lindo, é apenas o que consigo dizer! Tornaste-te um gentleman como sempre imaginei que ia acontecer, um ser humano bonito mesmo por dentro e por fora. (Uma longa conversa aguarda-nos hehe, não te escapas!)

Maria - Olha, nem há palavras, és linda e bem sabes o quanto te adoro e estimo. Desculpa ser mázinha contigo por vezes, mas sabes que não é por mal... Thanks por tudo!

Bat - I've loved your change and you're more beautiful than ever all in love =P with a silly face and sparkling eyes *.* I hope that you and him last, I like what he does to you! (settle down)

Mariana - Apesar da distância, gostei do que disseste e desculpa ter sido dura contigo no passado, mas sabes que tinha razão... Continuas a mesma lolita, credo! -.-" *kidding*

Rafa - Sempre o mesmo galã do costume e sempre tão acertado em tudo o que dizes. Vê lá se páras de crescer pah! :O Tás enorme!!

Feeling Good

Uma cover da música da Nina Simone, grande dama do Jazz, "Feeling Good". Eu não costumo gostar de covers, mas desta dos Muse até gostei.

Uma música que a mim me traz paz e acalma, assim como as outras da discografia da Nina Simone.

13 de julho de 2009

Right

Lene Marlin - Here we are

Keeping my distance

I look but I don't really see

It's like things lose their colour

And people are walking right through me

To not pay attention

Not easy to see what's passing you by

I gave it a try

Did not see you coming my way

Now you wanna hold my hand

You chose to take it

The truth is that I never really thought we'd make it

Here we are

No chance I'm leaving

Ideas of love and life for sure can be deceiving

Here we are now

How come it just happened?

By that moment I should've known

A purpose of meeting

Like then I did not believe you so

Somehow you got to me

Never again will I put up a fight

When everything's right

Finally everything's right

Now you wanna hold my hand

You chose to take it

The truth is that I never really thought we'd make it

Here we are

No chance I'm leaving

Ideas of love and life for sure can be deceiving

Here we are now

Now you wanna hold my hand

You chose to take it

The truth is that I never really thought we'd make it

Here we are

No chance I'm leaving

Ideas of love and life for sure can be deceiving

Hold my hand

You chose to take it

The truth is that I never really thought we'd make it

Here we are

No chance I'm leaving

Ideas of love and life for sure can be deceiving

Here we are now

Here we are now

Esta música é simplesmente linda e transmite-me tanto...

É em dias como hoje que sinto que tudo faz sentido, finalmente começa a fazer sentido, melhor dizendo.

E mais uma proposta de estágio e desta vez vou à entrevista xD Que já recusei várias e não posso abusar da sorte.

Ai e estou quase de férias!! =) *happy dance*

12 de julho de 2009

Guano Apes

"You can’t stop me

I’m close enough to kiss the sky"

"Open your eyes, open your mind..."

(Guano Apes lyrics)

Como não os vou ver daqui a uns dias ao vivo e hoje andei a viciar-me na sua discografia, resolvi fazer um post sobre eles e fugir um pouco ao estudo, senão ainda fico demente de vez =P

Escolhi esse vídeo por ser a primeira música que ouvi deles e não por outro motivo em especial.

1 de julho de 2009

Alvorada

A alma ascendia como se fosse para o céu, naquele início de dia, quando o bréu desaparecia e dava lugar a uma tonalidade vermelha, que flamejava no céu e iluminava toda a planície.
Os reflexos no rio evidenciavam a alvorada que nascia, sendo completada pela paisagem verdejante dos campos envolventes, mais vincados pelo clarear do amanhecer.
O silêncio imperava, ouvindo-se apenas os sons revigorantes da Natureza, o que conferia ao ambiente uma sensação de paz e liberdade, que se manifestava em sorrisos e suspiros de felicidade.
Os olhos fotografavam aquela esplendorosa imagem, gravando na mente cada pedaço visto e vivido, perpetuando assim aquelas horas, de intermináveis minutos e segundos bem aproveitados, assinalados pela intensidade de beijos, toques e abraços.
A efemeridade ali não tinha espaço para existir, dando vontade de congelar aquela noite e início de dia, nada ou pouco planeado e em si tão espontâneo e real, que quase se podia marcá-la na pele, para respirá-lo mais tarde.

(26/05/2009 )

Neste momento queria voar, desaparecer durante umas horas e não ouvir os berros que ecoam na minha cabeça. Não queria ter o gosto amargo que tenho na boca e a garganta arranhada de gritar também... Queria ser livre por alguns instantes e ter o abraço da pessoa que me sabe acalmar. Vou fugir durante umas horas, isolar-me do mundo e ser livre.

*21*