2 de novembro de 2009

Plateau

As luzes incidiam sobre ela, cegando-a. Encontrava-se no meio daquele campo amplo e todas as luzes existentes, iluminavam-na. Ela só estava cega porque queria, pois tinha sempre a hipótese de fechar os olhos ou sair dali. Mas por preserverança ou teimosia permanecia imóvel no mesmo sítio, perdendo a noção do tempo ou de quem era naquele momento.
Uma chama ardia dentro dela, deixando que o que a cegava no exterior, chegasse ao interior também, inflamando assim todo o seu ser.
A cegueira exterior fez com que ela se concentrasse no seu interior, analisando os factos irreversíveis e inegáveis do seu passado, que vagueavam sem destino dentro de si, pois não conseguiam encontrar uma saída para o exterior. Essa libertação era necessária há muito, mas vinha sendo adiada, por falta de tempo e espaço, ou então por ela reprimir o que sentia e queria na realidade.
Fechou então os olhos e inspirou bem fundo, sentindo-se e sentindo o que estava à sua volta, pois de olhos fechados a realidade torna-se bem diferente, pois estar sozinha na escuridão pode ser assustador ou reconfortante, principalmente quando só o silêncio nos circunda. Tudo depende de como se lida com a situação. Ela optou por ficar calma ao tentar entender o turbilhão de sentimentos e emoções que iam dentro dela, ouvindo o seu coração e apelando ao seu lado racional, que lhe dizia para libertar tudo de uma vez por todas, pois o passado estava a consumir o presente há demasiado tempo e há coisas com as quais não se pode lutar.
Chega sempre o momento em que se tem de parar de lutar contra as coisas e principalmente contra nós mesmos, e ela apercebeu-se disso, quando se deu conta que não podia mesmo ver com aquela luz toda a incidir sobre os seus olhos frágeis.
Estudou todas as suas particulas ao pormenor, tentou recordar-se das coisas importantes da sua vida até então, sentir ao máximo o que o ambiente envolvente lhe transmitia e perceber o que queria naquele instante.
Chegou à conclusão que era ver com clareza, era sair daquele campo enorme e vazio, onde se sentia tão pequena como uma formiga e voar, voar o mais longe possível, para conhecer sítios novos e coleccionar lembranças inesquecíveis. Tudo residia na diferença dos seus actos, dos seus pensamentos e na forma de ver os sentimentos, através da introspecção e aceitação da iverosímel verdade.
Finalmente abriu os olhos. As luzes tinham baixado e agora que se sentia mais livre, podia caminhar firmemente e ver o que a envolvia, um campo à meia-luz, vazio, mas cheio de sentimentos libertados e energias renovadoras. E ela estava também cheia, pois as lágrimas tinham corrido pelo seu rosto e abandonado o seu interior confuso e preso há tanto tempo, dando-lhe a opção de optar entre fugir ou encarar de frente as suas escolhas. Ela optou por encarar a realidade e viver consoante a mesma, sendo sempre fiel aos seus objectivos e sonhos.
Correu velozmente pelo campo, sentindo o cheiro a relva molhada da chuva que começava a cair levemente sobre si, sorrindo com vontade e inspirando profundamente a sua liberdade.

2 comentários:

Someone, No One disse...

ALELUIAAAAAAAAA!!!

caramba tava a ver k nnc mais s postava nada aki -.-
texto cool... o inicio tah um pco confuso... gosto do final... continua a escrever mais regularmente.

MILENE?! TU ME AMAS MILENE?!

(jah tava a dar saudade desta)
(a palavra d verificação eh "coniesse" XD)

Bá disse...

Deixa algumas cenas partirem e liberta-te... "O que foi não volta a ser, mesmo que muito se queira! E querer muito é poder!" sabes o significado e sabes que tenho razão! =) *